domingo, 24 de julho de 2011

Alfabetização: método natural

O termo "natural" é muitas vezes empregado de forma equivocada. Na verdade, o qualificativo “natural” nasceu de uma extensão do emprego do significado dado originalmente a um método de alfabetização criado por Gilda Rizzo. A metodologia de alfabetização fora criada em função de promover a seqüência natural de transformações que ocorrem num indivíduo quando este constrói um sistema de leitura, isto é aprende a ler. Portanto “método natural” seria aquele que promove o processo natural, isso é: o processo fisiológico, de construção de sistemas operacionais de leitura. 
Portanto “método natural” seria aquele que promove o processo natural, isso é: o processo fisiológico, de construção de sistemas operacionais de leitura. Este ‘método natural de alfabetização’ preconiza também que seja necessariamente modificado o ambiente educacional, como um todo. Visto não apenas na sua forma física, mas, sobretudo, no seu sistema ou regime de relações sociais. Isso porque julgamos essencial contar com a iniciativa do aluno no ato de aprender, na ação de procurar a solução, interessar-se voluntariamente e responsabilizar-se por ela. Para isso foi necessário que criássemos uma metodologia que permitisse ao aluno escolher a forma de realizar a sua atividade, para que se empenhasse motivado, por sua livre opção. Em decorrência deste princípio escolhemos a única dinâmica de classe possível, para que o aluno pudesse fazer escolhas e tomar decisões e, inevitavelmente, rejeitamos a postura tradicional do mestre que acredita que sabe tudo que precisa “passar” esse conhecimento ao aluno e a substituímos por uma atuação democrática do professor.
O termo natural veio emprestado do método inicialmente de alfabetização e abrangeu a escola que se propôs a estender essa filosofia às séries seguintes. Aquela onde o conteúdo é construído a partir do conhecimento existente no grupo, trocado entre os alunos e acrescido pelas leituras e pesquisa. É fixado pelos diferentes registros escritos, ilustrados e ou dramatizados, feitos por redação própria do aluno e não apenas por texto ditado pelo professor, lido no livro e treinado pelo exercício de respostas a questionários impressos no livro ou em apostilas, como ocorre na escola tradicional, que reflete nítida e exclusiva valorização da memória. Hoje, nossa metodologia é conhecida como “construtivista”.
Escola Natural é aquela onde a sala mantém um espaço livre para as rodas de conversa. Oferece grupos de mesa formados de acordo com o número de atividades do dia. Estantes e armários para guarda do material sempre acessível ao aluno e onde a turma participa da organização do mobiliário e equipamentos da sala e opina sobre a melhor arrumação para as atividades do momento. Não há lugares fixos. Os grupos se organizam em torno de um propósito escolar.
É aquela onde os cadernos registram e acumulam informações úteis à fixação do conhecimento que está sendo construído e a redação é quase exclusivamente feita, de próprio punho, pelo aluno. O objetivo se desloca da memorização e se preocupa em fazer o aluno criar métodos e sistemas próprios de aprender e de estudar. Isso é o oposto do que ocorre na escola tradicional, onde estes acumulam matéria, quase sempre copiada de textos escritos no quadro de giz, que terão que ser lidos e decorados pelos alunos depois.
A Escola Natural é um espaço social, altamente disciplinado, onde os alunos respeitam regras e limites estabelecidos por eles mesmos, de comum acordo, e onde o professor é um líder democrático, coordenador das motivações e atividades do grupo, que exerce as funções de estimulador, consultor, orientador e executor das políticas estabelecidas no grupo. Tem a responsabilidade de prover o ambiente de materiais pedagógicos e experiências educativas adequadas e a função de cobrar o cumprimento das regras estabelecidas. Isso é bem diferente do que ocorre na escola tradicional onde o mestre supostamente “passa” o “saber” aos alunos, como autoridade indiscutível do conhecimento.
A Escola Natural é uma escolha inteligente de pais que acreditam que seu filho saia mais fortalecido e seguro pela apropriação do conhecimento, construído por ele mesmo, do que se tivesse apenas memorizado e têm certeza que democracia, assim como delicadeza, não se aprende decorando frases copiadas do quadro de giz, mas se aprende vivendo democraticamente. São pais que desejam construir uma sociedade futura efetivamente democrática, composta por cidadãos democráticos, seu filhos, criados em regime democrático, dentro de sua sala, dentro do espaço escola, inseridos no seu grupo. Pais que esperam isso da educação de seus filhos.

Alfabetização Natural

Metodologia de alfabetização criativa, fundamentada nos princípios de educação através da arte, que consiste no oferecimento de estímulos sócio-ambientais específicos, que visam à reprodução do processo natural e espontâneo de construção dos esquemas de leitura no ser humano, que se dá através das motivações, potencial e linguagem do aluno, que inclusive escolhe o próprio vocabulário que servirá de base à aprendizagem.




"Aprender a ler é muito fácil, especialmente quando o próprio aluno escolhe o seu vocabulário de estudo. O elo psicológico, quase nunca passível de ser percebido por nós, que desperta e prende o interesse do aluno numa determinada palavra, é sempre poderoso, indestrutível e potencializa o processo com a força interior da emoção. É esta força que viabiliza uma memorização fácil, pois espontânea, e uma aprendizagem rápida e efetiva, pois prazerosa. Responde a uma curiosidade e necessidade do alfabetizando . a  Alfabetização Natural, desenvolvida a partir da escolha do vocabulário pelo próprio aluno, facilita tanto o processo de aprendizagem, quanto o trabalho do professor." (Gilda Rizzo)

O VOCABULÁRIO DE APOIO
O Vocabulário de Apoio expõe as palavras escolhidas para estudo e ilustradas pelos alunos. Ele cresce até que contenha todos os sons e letras do alfabeto.


O SENTENCIADOR
Cada palavra nova escolhida vai imediatamente para o sentenciador, formando frases completas, que o aluno possa ler.

A composição e a leitura de frases no sentenciador é um trabalho diário, onde figuras devem substituir palavras desconhecidas a fim de não limitar a expressão de idéias do aluno às palavras já memorizadas. 


O CADERNO VOCABULÁRIO
Cada palavra nova escolhida pela turma é escrita e arquivada no Caderno Vocabulário individual. Cada aluno faz a ilustração a sua maneira. O caderno é utilizado para estudo das palavrinhas e serve de apoio ao aluno durante a escrita de frases.
LIVRINHOS DE AÇÃO
Os Livrinhos de Ação estimulam a compreensão da leitura de frases e fixam as ações estudadas no vocabulário da turma.



JOGOS DE LEITURA
O jogo da memória é um dos variados tipos de jogos que facilitam a memorização das palavras do vocabulário escolhido. Os jogos são sempre oferecidos como uma das atividades do trabalho diversificado de livre escolha dos alunos.

A RODINHA
Todas as atividades  do grupo são discutidas e combinadas em uma rodinha de conversa onde o educador funciona como mediador na construção do conhecimento e como um coordenador das motivações de seu grupo. Todas as decisões são tomadas aqui.

A   CAÇADA
A caçada é um procedimento de rotina na análise fonética de palavras lembradas pelos alunos, segundo a semelhança do som inicial com o de outra palavra já conhecida visualmente por eles, no caso, o Dd, de dinossauro. Eles procuraram, em revistas, gravuras de palavras que começassem de forma semelhante; colaram estas gravuras sobre uma folha grande, que foi colocada num cabide e pendurada na parede. Um aluno, de cada vez, enunciou o nome da sua gravura, enquanto a professora a escrevia. Depois, a palavra foi lida pelo aluno, de forma lenta, fazendo a "preguicinha". Numa segunda leitura, ele destaca, com uma linha vermelha, "caçando", e copia a letra do som que estava sendo estudado, o d de dinossauro.

CAÇADINHAS
Material de estudo independente para fixação de grafias específicas.
Uma caixa plástica acondiciona uma coleção de fichas que apresentam relações de palavrinhas começadas pelo som inicial de uma palavra conhecida. Uma pequena gravura, colada ao alto, evoca o significado da primeira palavra. O aluno usa estas "caçadinhas" de diferentes maneiras na composição de frases.



ATIVIDADES DE  CAÇADA
Uma das atividades da sala é realizar os exercícios do livro "Minhas Caçadas".

SABONETEIRAS DE CAÇADA
Material para estudo independente cujo objetivo é a ortografia. Cada saboneteira acondiciona uma coleção de palavras com o mesmo som inicial, destacado pela cor vermelha

AS CIÊNCIAS
A Alfabetização Natural não ocorre no vazio, ela está integrada ao estudo do meio ambiente e é a vida, ao redor do aluno, que gera os motivos de estudo, que são registrados, por escrito, depois de estudados.



Com o passar dos anos, a metodologia da Alfabetização Natural de Gilda Rizzo passou a ser empregada, com grande sucesso, entre adultos. Como exemplo no ensino supletivo, da cidade do Rio de Janeiro, pode-se citar o trabalho realizado pela professora Sônia Pomar, na Escola Municipal Cícero Pena, na avenida Atlântica, no bairro de Copacabana.



Caçadinha


JOGOS
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3 comentários:

  1. ÓTIMO MÉTODO UTILIZEI JITO NA PRÉ-ESCOLA.E FUNCIONA MESMO TENHO 25 ANOS DE CARREIRA E FALO DE EXPERIÊNCIA.

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    1. Pode me ajuda a planejar 3 aulas para alfabetizar crianças com diferentes niveis de hipotese de escrita?

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